Pensando o Viver

O lado natural, humano e social de quem pensa o viver, não apenas como um historiador, mas também como um transformador.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Natureza - Pensando o Viver

Hoje vou falar um pouco sobre a natureza, principalmente por ser ela o corpo natural e imanente de sustentação para tudo o que há, mesmo porque é ela, a natureza, simplesmente, matéria e energia de tudo o que há. Acho coerente, desde já, que eu tente deixar minimamente claro o que entendo por natureza, pois que percebo que para pessoas diferentes ela acaba possuindo significados diferentes, pois que restringem, ao meu humilde modo de ver, a abrangência do que ela é. Para uns, natureza são as plantas, as florestas, o verde, para outros podem ser as montanhas, o mar, e os rios, para outros ainda, se mistura com o clima, com eventos naturais como vento, furacão, maremoto, terremoto e etc. Entendo que todos estão parcialmente corretos, cometendo apenas o pequeno grande equívoco de limitar o que a natureza realmente é. De início, ela é tudo o que há, não criado artificialmente (mas mesmo assim tudo e qualquer coisa criada artificialmente, é também composto por natureza), sendo assim ela é tudo o que foi apresentado acima, e muito mais. Ela é o átomo de um elemento, mas ela é também o planeta terra, ela é uma partícula subatômica, mas é também a maior estrela existente, ela é um buraco negro, mas é também todas as galáxias que existem, é o próprio espaço-tempo completo, é matéria e é energia. Assim a natureza somos também nós, eu, você, meus filhos, e qualquer um que viva em qualquer lugar, aliás a natureza é também todo e qualquer ser vivo, de uma única e mínima bactéria, ao maior animal terrestre, aquático ou aéreo. Por esta visão entendo que um carro, um avião, um DVD player, uma casa, ou uma música composta por homens não são natureza, mas são todos compostos por natureza. Matéria e energia compõem todas as criações, mesmo em uma música, o som que dá sustentação a toda e qualquer música, é natureza. Com esta percepção, não seria de estranhar porque eu amo demais a natureza, por que entre muitas coisas que sou, carrego muito do naturalismo. 


A natureza, todos necessitamos dela, mas ela em si, por ser tudo, é eterna, e de nós não precisa para nada. Quando olho o céu, de noite ou de dia, vejo natureza, quando olho a mata, o mar, um jardim, uma, um “ramo” de capim, ou a chuva, estou olhando a natureza. Quando olho para mim mesmo, minha gata, ou os filhos de um estranho, estou olhando para a natureza, ela é a própria essência imanente de tudo e razão primeira do como chegamos até aqui. Por isso eu a respeito acima de tudo, se existo, existo porque a natureza existe antes, e me possibilitou, da quase impossibilidade de ser, à existir como ser pensante.  Para a natureza não existe o passado e nem o futuro, somente o momento presente que se eterniza, se consumando como o momento que nunca se vai, sendo sempre ele o palco real de toda a realidade, sendo ele, o presente, a realidade em execução plena de si mesma.

Infelizmente, muitos olham para a natureza, apenas como fonte de riquezas, de posse, fonte de extrativismo e de usurpação desmedida. Vários são aqueles que tentam, disfarçada ou abertamente, induzir que a natureza nos foi dada por algum ser transcendente para nosso uso, pois que estamos aqui somente de passagem, e este não é o nosso lar definitivo. Ledo engano, desculpa esfarrapada para justificar o abuso que cometemos sobre nosso planeta, que é ele mesmo natureza. Mesmo que fosse verdade que a terra fosse apenas um local de passagem, que nos tivesse sido dada para uso, isso implicaria em um mínimo de respeito a ela, pois que mesmo que passássemos daqui para outro lugar transcendental, este planetinha precisa continuar sendo o lar vivo de outros que virão depois de nós, nosso filhos, nossos netos, nossos descendentes, assim o abuso irresponsável e irracional com que exaurimos nosso planeta é um crime contra os que ainda estriam por vir. Entretanto, o pior, é que não estamos de passagem, nosso lar temporário é este aqui mesmo, temporário, não porque estaríamos indo para outro local, mas porque sendo fatais e finitos, a morte porá um fim em nossa existência, mas filhos, netos, e bisnetos de todos nós, aqui farão sua jornada limitada também, como um hiato entre o nada que fomos antes de nascer e o nada que seremos depois de morrer, e assim, proteger, resguardar, cuidar, e amar por respeito e cuidados, este nosso lar, este nosso planeta, é nossa obrigação.

Alguns quando percebem que não conseguem me convencer com o argumento de que a terra é nossa, pois que acredito que ela não nos foi dada para uso, mudam a linha de argumentação e tentam inferir que eu não respeito tanto assim a natureza, pois que mato animais e extraio vegetais para comer. Esta é mais uma tentativa em vão. A natureza possibilitou o surgimento de seres vivos, que para viverem precisam se alimentar de outros seres vivos, isso é natural, isto é a própria natureza, aliás, este é um dos argumentos que uso para retrucar o criacionismo, ou qualquer existência de algum ser superior que nos tenha criado intencionalmente, pois que seria de um maldade incomensurável que este ser superior com “superpoderes”, com todo o tempo do mundo para criar, criasse intencionalmente uma vida que precisa para viver, de matar outra vida, seria como se eu criasse um robô, que para viver destruísse outro robô, ou matasse seres humanos para manter sua fonte de energia. Mas, retornado desta pequena digressão, matar ou extrair vegetais para se alimentar é natural, é a estrutura natural da vida, criada sem projeto e sem planificação. Seria desrespeito matar por prazer, como na caça ou na pesca, sem finalidade de alimentação. Agora, obter carne, frutas, legumes, cereais ou qualquer outra fonte nutricional, para alimentação, é respeitar o que a natureza é, neste interim da vida.

Chegando até aqui, falta apenas a afirmação de que crio ou uso utensílios criados, que extraem elementos da natureza, ou que poluem esta mesma natureza. Sim isto é verdade. Entendo que na ânsia de crescermos e multiplicarmos, as nações, até mesmo por poder político, religioso, ou mesmo por poder militar, aprovaram o crescimento quase exponencial de seres humanos, e hoje somos vários bilhões deles, e continuamos a crescer, mais mercado consumidor, mais seguidores políticos e religiosos, mais poder de guerra, mais ... 

Como chegamos a isto, não sou a melhor pessoa para discorrer sobre isso, mas o que marca e faz doer é que chegamos a este estágio, e nada fazemos para realmente reverter este índice de crescimento. A economia precisa de mercado, os religiosos precisam de seguidores, os governantes querem o poder de controlar países, estados, e municípios maiores e assim vai. Pode ser uma forma simplista de atacar o problema, até concordo, mas o que importa é que continuamos a crescer, e a ganância faz com que cada vez mais eu extraia matéria da natureza exaurindo nosso planeta, e que cada vez mais eu polua nossa natural casa. Desta forma, é mister refletirmos sobre a encruzilhada de destruição em que estamos sentados, e encontrar soluções naturais, com tecnologia sustentável, para que possamos obter de nosso planeta o que precisamos, sem levá-lo cada vez mais perto da destruição (não da destruição física de nosso planeta, mas da destruição como nicho ecológico que nos permite viver), fazendo com que a terra possa ser um lar que nos permita viver socialmente bem.

Eu gostaria de terminar dizendo que não é apenas uma questão de respeitar e amar a natureza, cabe lembrar que a natureza também somos nós, assim é uma questão, primeiro, de respeitar e amar a nós mesmos, através do amor e do respeito a natureza.

Amiga e amigo leitor, espero que possamos nos encontrar mais vezes, e torço que você, concordando ou não com minha linha de argumentação (pois que não tenho a menor intenção em ser o dono de verdade alguma, posso estar totalmente equivocado), pense o seu viver, pense o nosso viver, pense o viver de todos, pensando o viver, e que assim possamos, mesmo que por caminhos diversos, buscar nosso crescimento como humano, que não é nada fácil.

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